segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Existe uma famosa história zen sobre um mestre e seu discípulo. Os dois estavam a caminho da aldeia vizinha quando chegaram a um rio caudaloso e viram na margem, uma bela moça tentando atravessá-lo. O mestre zen ofereceu-lhe ajuda e, erguendo-a nos braços, levou-a até a outra margem. E depois cada qual seguiu seu caminho. Mas o discípulo ficou bastante perturbado, pois o mestre sempre lhe ensinaram 
que um monge nunca deve se aproximar de uma mulher, nunca deve tocar uma mulher.

O discípulo pensou e repensou o assunto; por fim, ao voltarem para o templo, não conseguiu mais se conter e disse ao mestre:

— Mestre, o senhor me ensina dia após dia a nunca tocar uma mulher e, apesar disso, o senhor pegou aquela bela moça nos braços e atravessou o rio com ela.

— Tolo – respondeu o mestre – Eu deixei a moça na outra margem do rio. Você ainda a está carregando.


terça-feira, 18 de setembro de 2012

                                                          O materialismo espiritual



As pessoas costumam começar um trabalho espiritual com idéias pré-concebidas sobre o que irão aprender. Embora as aspirações de cada um, ao chegar à Nova Acrópole, sejam sinceras, trazem consigo uma boa dose de confusão, incompreensão e de esperanças.

A evolução correta, no caminho espiritual, é penosa e sutil. Podemos nos iludir acreditando que estamos evoluindo espiritualmente, quando, na realidade, estamos apenas utilizando técnicas espirituais para reforçar o ego. Chamamos a isso: “materialismo espiritual”, que só faz reforçar a nossa materialidade.

O materialismo não é somente crer na matéria. Se fosse apenas isso, não seria difícil desfazer o problema, porém, o materialismo esconde-se sob as mais diversas formas, prejudicando o desenvolvimento do Ser interior, impedindo-o de transcender. Produzimos auto-ilusões que ocultam o que somos, mas agradam ao ego, do tipo: “Eu sou bom” ou “- Oh! como eu sofro! e que são exemplos de máscaras que usamos em sociedade para sermos aceitos.

A alma, desconhecendo-se, tem medo. Quer as garantias do já conhecido. Não quer surpresas, com as quais talvez não saiba lidar, preferindo o que lhe é familiar. É o engano no qual todos nós caímos: queremos nos assegurar, de antemão, do êxito, qualquer que seja o ensinamento que estamos buscando, e ao fazermos isso, caímos no reducionismo ideológico e transformamos a doutrina em utopia, mesmo a mais espiritual.

Quando se quer criar uma fraternidade, para trabalhar com uma determinada quantidade de pessoas, este é o trabalho essencial: somos obrigados a ir além desses disfarces, além dessas auto-ilusões, porque, se não for assim, as relações estabelecidas com os demais nunca serão verdadeiras. Se forem baseadas nas aparências, estarão distantes de tudo o que é verdadeiro e o Eu necessita de coisas similares para consolidar-se, para tornar-se forte.

As ideologias burguesas, que surgiram quando o sistema tradicional da sociedade foi destruído, são materialistas, em qualquer parte do mundo onde estejam sendo seguidas e são ideologias reducionistas, que necessitam de formas muito restritas: “Faça isto ou aquilo”, “não saia às tantas horas” etc.

O ego, necessitando sentir-se seguro, lança mão de qualquer ferramenta ao seu alcance, seja religiosa, espiritual ou científica, contanto que lhe preencha a carência. Essa mentalidade, que procura fazer apenas o que é socialmente correto, não ama o risco nem o sacrifício.

A evolução desse tipo de cultura nos últimos séculos - a do pequeno eu auto-ilusório - engendrou a civilização na qual vivemos e provocou as dificuldades que todos temos para sair da auto-ilusão e ir mais longe, na busca espiritual verdadeira.

Na literatura, encontramos pouquíssimos textos que falem em desapego e combate interior. O que oferecem são receitas supostamente mágicas, para o caminho da felicidade, caminho esse que o homem vem procurando desde tempos imemoriais, navegando sempre na superficialidade, pois é muito árdua a viagem ao seu Ser interior.

O ego é vencedor no século XXI, pois está possuído pela filosofia burguesa que neutraliza o enfrentamento com a realidade.

Será possível, para o homem moderno, levar a cabo uma transformação consciente, apesar da humanidade nunca ter estado tão desequilibrada como hoje?

O dever do filósofo é desembaraçar o caminho do que se interpõe entre a luz e nós


Fernand Schwartz

terça-feira, 11 de setembro de 2012

terça-feira, 28 de agosto de 2012



O MONGE MORDIDO

Um monge e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O monge correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora do rio o escorpião o picou. Devido à dor, o monge deixou-o cair novamente no rio. Foi então à margem, pegou um ramo de árvore, voltou outra vez a co
rrer pela margem, entrou no rio, resgatou o escorpião e o salvou. Em seguida, juntou-se aos seus discípulos na estrada. Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
— Mestre, o Senhor deve estar muito doente! Por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda: picou a mão que o salvava! Não merecia sua compaixão!
O monge ouviu tranquilamente os comentários e respondeu:
— Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha.



Adorei esta parábola e decidi publica-lá ,porque são nos pequenos gestos que se revela a natureza do ser humano e que não somos todos iguais.